A vida dos povos


"A Eucaristia é a vida dos povos. A Eucaristia lhes oferece um centro de vida. Todos podem encontrar-se sem barreira de raça nem de língua para a celebração das festas da Igreja."

São Pedro Julião Eymard

Os Efeitos da Eucarístia (18): Proveito para os que não o recebem..

Mas também é de proveito para os que não o recebem, embora apenas por modo de sacrifício, na medida em que é oferecido pela salvação deles. É por isso que no cânon da Missa se diz: "Lembrai-vos, Senhor, dos vossos servos e servas, pelos quais nós Vos oferecemos, e eles Vos oferecem também, este Sacrifício de louvor, por si e por todos os seus, pela redenção de suas almas, pela esperança de sua salvação e sua segurança".

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Regozijai-vos


"A Eucaristia — o trigo dos eleitos, o Pão vivo — foi semeada em Belém.
Esse Trigo celeste foi semeado em Belém, casa do pão. Ei-lo, esse divino Pão, finalmente
semeado.
A umidade das lágrimas infantis o fará germinar e o tornará belo.
Belém, situada numa colina, domina Jerusalém. Uma vez amadurecida, a Espiga se inclinará
do lado do Calvário, onde será moída, passando pelo fogo do sofrimento, a fim de se tornar
Pão vivo.
Os reis virão dele participar e nele se deliciarão.
E qual o motivo dos encantos da nossa festa de Natal, se Jesus não renascesse sobre o Altar?
Em Belém, o Verbo se faz Carne. No sacramento, faz-se Pão a fim de nos dar sua Carne, sem
nos causar aversão.
Regozijai-vos, portanto, neste belo dia, em que desponta o Sol divino da Eucaristia."

São Pedro Julião Eymard

Os Efeitos da Eucarístia (17): É oferecido por todos

Assim, pois, este Sacramento é, para os que o recebem, de proveito não só por modo de sacramento, como também por modo de sacrifício, porque é oferecido por todos os que o recebem.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Os Efeitos da Eucarístia (16): Sacramento e Sacrifício

Este Sacramento, ademais, é de proveito para muitos outros além dos que o recebem porque, conforme foi dito, este Sacramento não é apenas sacramento, mas é também sacrifício. Na medida em que neste Sacramento é representada a Paixão de Cristo, pela qual Cristo se ofereceu a Si mesmo como hóstia a Deus, possui razão de sacrifício. Na medida, porém, em que neste Sacramento é trazida invisivelmente a graça sob uma espécie visível, possui razão de sacramento.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Adorar é um diálogo de amor

"A oração é um trato de amizade com Deus" nos ensina Santa Teresa. Adorar a Deus em espírito e em verdade é fazer a experiência de buscar o Senhor por amor, reconhecer que já não podemos caminhar sem esse amor. Ele nos seduziu, nos atraiu para si e agora é impossível viver sem o seu amor.

Quando compus a música juras de amor, meu coração estava inflamado de amor por Deus. Vivi a experiência do profeta Jeremias: o Senhor me seduziu! Minha alma e todo o meu ser não sabem fazer outra coisa senão amar a Deus. O coração dos adoradores não tem outra motivação para a oração senão o amor a Deus. É o amor a Deus que nos impulsiona, nos move.

Adorar é, portanto um diálogo de amor. A adoração é um Dom de Deus e não um esforço nosso. O primeiro passo sempre é de Deus. É ele quem toma a iniciativa de estar conosco, de se relacionar conosco para estabelecer uma relação íntima, de amizade. Por isso, a adoração não só é um desejo do nosso coração, mas, mais do que isto, é um desejo de Deus.

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Original em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/pejonas/pejonas_msg_dia.php

Ciência especulativa


"Quem não comunga não tem mais que uma ciência especulativa; não conhece nada a não ser palavras, teorias, das quais desconhece o sentido..."

São Pedro Julião Eymard

Não falta a continência...

Um sargento qualquer, ou um alferes de pouca autoridade...Passa-lhe de frente a um recruta de boa presença, de condições incomparavelmente superiores às dos oficiais - e não falta a continência, nem a resposta.

Repara no contraste: do Sacrário dessa igreja, Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, que morreu por ti na Cruz, e te dá todos os bens de que necessitas... aproxima-se de ti. E tu nem lhe prestas atenção!

Sulco, 687

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (15): Confirma o homem no bem

Ainda que este Sacramento não diretamente se ordene à diminuição do incitamento do pecado, diminui, porém, este incitamento por uma certa conseqüência, na medida em que aumenta a caridade, porque, segundo diz Agostinho no Livro das 83 Questões, "O aumento da caridade é a diminuição da cobiça". Diretamente, porém, a Eucaristia confirma o homem no bem, pelo que também é preservado o homem do pecado.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Intervalos


"Eu lhes digo que este alimento tomado com intervalos tão prolongados não é mais que um alimento extraordinário, mas onde está o alimento ordinário que deve me sustentar diariamente?"

São Pedro Julião Eymard

Bocadinho em direção ao Amor

As tuas comunhões eram muito frias; prestavas pouca atenção ao Senhor; com qualquer bagatela te distraías... Mas, desde que pensas - nesse teu colóquio íntimo com Deus - que estão presentes os Anjos, a tua atitude mudou... - "Que não me vejam assim!", dizes para ti mesmo...

E repara como, com a força do "que dirão os outros?" (mas desta vez para bem), avançaste um bocadinho em direção ao Amor.

Sulco, 694

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (14): Repele toda a impugnação

A Eucaristia preserva o homem dos pecados futuros também defendendo-o contra as impugnações exteriores. Pois é sinal da Paixão de Cristo, pela qual foram vencidos os demônios, de modo que este Sacramento repele toda a impugnação dos demônios.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Quem quiser perseverar


"Quem quiser perseverar que receba a nosso Senhor. É um pão que alimentará seus pobres, força, que o sustentará. E é a Igreja que o quer assim."

São Pedro Julião Eymard

Os Efeitos da Eucarístia (13): Comida Espiritual e um Remédio Espiritual

A Eucaristia também preserva o homem dos pecados futuros, pelo mesmo modo em que o corpo é preservado da morte futura. O pecado é uma certa morte espiritual da alma. Ora, a natureza corporal do homem é preservada da morte pela comida e pelo remédio na medida em que a natureza humana é interiormente fortificada contra o que pode corrompê-la interiormente. É deste modo que este Sacramento preserva o homem do pecado, porque através dele, unindo-se a Cristo pela graça, é fortalecida a vida espiritual do homem, ao modo de uma comida espiritual e um remédio espiritual. É assim que diz o Salmo 103: "O pão confirma o coração do homem".

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Não te falte...

Que não te falte diariamente um "Jesus, Te amo!" e uma comunhão espiritual, pelo menos, em desagravo por todas as profanações e sacrilégios que Ele sofre por estar conosco.

Sulco, 689

São Josemaría Escrivá

Dever de orientar-se


"Convencido de que o sacrifício da Santa Missa e a comunhão ao corpo do Senhor são a fonte viva e o ápice de toda a religião, cada um tem o dever de orientar sua piedade, suas virtudes e seu amor de tal modo que se tornem meios que lhe permitam alcançar esse fim: a digna celebração e a recepção frutuosa destes divinos mistérios."

São Pedro Julião Eymard

Os Efeitos da Eucarístia (12): Afeto do Oferente...

Mas, na medida em que é Sacrifício, a Eucaristia possui virtude satisfatória. Entretanto, também na satisfação mais deve se considerar o afeto do oferente do que a quantidade da oblação, de onde que o Senhor disse, no Evangelho de São Lucas, da viúva que ofereceu apenas duas moedas, que "ofereceu mais do que todos". Embora, portanto, a oblação eucarística pela sua própria quantidade seja suficiente para a satisfação de toda a pena, todavia torna-se satisfatória para aqueles pelos quais é oferecida, ou também para os próprios oferentes, de acordo com a quantidade de sua devoção, e não por toda a pena.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Finalidade da Vida


"A Santa comunhão deve ser o fim de toda vida cristã: todo exercício que não se relaciona com a comunhão está fora de sua melhor finalidade"

São Pedro Julião Eymard

Como poderemos deixar de ir....

Jesus ficou na Hóstia Santa por nós! Para permanecer ao nosso lado, para nos sustentar, para nos guiar. - E amor só se paga com amor.

Como poderemos deixar de ir ao Sacrário, todos os dias, ainda que por uns minutos apenas, para Lhe levar a nossa saudação e o nosso amor de filhos e de irmãos?

Sulco, 686

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (11):Alimento se une ao alimentado

Como Sacramento, a Eucaristia possui diretamente aquele efeito para o qual foi instituído. Não foi, porém, como Sacramento, instituído para satisfazer, mas para alimentar espiritualmente pela união a Cristo e aos seus membros, assim como o alimento se une ao alimentado. Mas porque esta união se realiza pela caridade, por cujo fervor alguém pode conseguir a remissão não apenas da culpa, mas também da pena, daqui ocorre que por conseqüência, por uma certa concomitância ao efeito principal, o homem alcança a remissão também para a pena. Não, porém, de toda a pena, mas de acordo como o modo de sua devoção e fervor.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Passado, Presente e Futuro


"A sagrada Eucaristia é Jesus passado, presente e futuro... É Jesus feito sacramento. Bem-aventurada a alma que sabe encontrar Jesus na Eucaristia, e em Jesus Hóstia tudo"

São Pedro Julião Eymard

Tomé...

"Isto é o meu Corpo"... e Jesus imolou-se, ocultando-se sob as espécies de pão. Agora está ali, com a sua Carne e com o seu Sangue, com a sua Alma e com a sua Divindade: como no dia em que Tomé meteu os dedos nas suas Chagas gloriosas.

E, no entanto, em tantas ocasiões, tu passas de largo, sem esboçares sequer uma breve saudação de simples cortesia, como fazes com qualquer pessoa conhecida que encontras ao passar!

Tens bastante menos fé do que Tomé!

Sulco, 684

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (10):Na medida em que é oferecido...

O Sacramento da Eucaristia pode também perdoar toda a pena devida ao pecado. Este efeito pode ocorrer tanto por ele ser sacrifício, como por ser sacramento. A Eucaristia possui razão de sacrifício na medida em que é oferecido; possui razão de sacramento na medida em que é tomado.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Dar-lhe o Segredo


"Dar a uma pessoa a fé, a devoção para com Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, equivale a dar-lhe o segredo e a chave da graça e de todas as demais virtudes"

São Pedro Julião Eymard

Uma boa hora


"Uma boa hora de adoração diante do Santíssimo Sacramento produz maior bem do que todas as igrejas de mármore que possamos visitar ou todos os túmulos que possamos venerar"

São Pedro Julião Eymard

Perseverantemente..

Vai perseverantemente ao Sacrário, fisicamente ou com o coração, para te sentires seguro, para te sentires sereno: mas também para te sentires amado... e para amar!

Forja, 837

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (9): Caridade e pecados veniais

Ademais, a coisa deste Sacramento é a caridade, não somente quanto ao hábito, mas também quanto ao ato, ao qual é conduzida neste Sacramento, pelo qual os pecados veniais se dissolvem. De onde que é manifesto que pela virtude deste Sacramento ocorre a remissão dos pecados veniais. Os pecados veniais, ao contrário dos mortais, não contrariam a caridade quanto ao hábito, mas contrariam a caridade quanto ao fervor do ato, ao qual é conduzida por este Sacramento. É por esta razão que os pecados veniais são perdoados pelo Sacramento da Eucaristia.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

COMPÊNDIO DA EUCARISTIA

Cidade do Vaticano 22 out (RV) - O jornal vaticano L’Osservatore Romano informou que na conclusão da audiência geral de ontem, quarta-feira, o Papa Bento XVI recebeu o novo “Compendium eucharisticum” das mãos do Cardeal Antonio Cañizares, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.





O Compêndio Eucarístico, que traz a data de publicação, 19 de outubro, recolhe material de estudo, oração e meditação sobre a Eucaristia, a teologia, a celebração e a religiosidade
popular, seguindo as orientações do Sínodo dos Bispos realizado no ano 2005 e por desejo do Santo Padre.

Segundo o jornal do Vaticano, acolhendo o pedido dos padres sinodais, o Papa tinha disposto a publicação de “um compêndio que recolhesse textos do Catecismo da Igreja Católica, orações explicações das preces eucarísticas do missal e tudo aquilo que fosse útil para a correta compressão, celebração e adoração do Sacramento do altar”, como ficou plasmado na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis publicada no ano 2007

O Pontífice tinha manifestado ainda o desejo de que o compêndio pudesse “ajudar o povo cristão a acreditar, celebrar e viver cada vez melhor o Mistério eucarístico”, estimulando “cada fiel a fazer da própria vida um verdadeiro culto espiritual”. “A idéia central do volume é encontrar a unidade em torno da teologia da Eucaristia, da celebração e da religiosidade popular.



Matéria retirada do site da Rádio Vaticana.
Original aqui.

Negócio Pessoal


"Salvar a minha alma é negócio pessoal. Não posso descansar em ninguém, nem com ninguém repartir o trabalho"

São Pedro Julião Eymard

Por amor, por ti...

Jesus ficou na Eucaristia por amor..., por ti.

Ficou, sabendo como o receberiam os homens... e como o recebes tu.

Ficou, para que o comas, para que o visites e lhe contes as tuas coisas e, falando intimamente com Ele na oração junto do Sacrário e na recepção do Sacramento, te apaixones cada dia mais e faças com que outras almas - muitas! - sigam o mesmo caminho.

Forja, 887

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (8):Remédio da enfermidade de cada dia

Este Sacramento também tem virtude para a remissão dos pecados veniais, o que pode ser visto pelo fato de que ele é tomado sob a espécie de alimento nutritivo. A nutrição proveniente do alimento é necessária ao corpo para restaurar aquilo que em cada dia é desperdiçado pelo calor natural. Espiritualmente, porém, em nós também é desperdiçado a cada dia algo pelo calor da concupiscência pelos pecados veniais que diminuem o fervor da caridade. E por isto compete a este Sacramento a remissão dos pecados veniais. De onde que Santo Ambrósio diz, no livro Dos Sacramentos, que este pão de cada dia é tomado "como remédio da enfermidade de cada dia...".

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

É o Amor que O mantém prisioneiro


"Jesus está no Sacramento da Eucaristia e é o amor que o mantém prisioneiro como uma vítima sempre disposta a ser imolada para a Glória do seu Pai e para a nossa salvação. A sua vida é totalmente escondida aos olhos do mundo e só é percebida nas pobres e humildes aparências do Pão e do Vinho (...). Jesus está sempre sozinho no Santíssimo Sacramento. Não deixem nunca de comungar, não poderíamos dar maior alegria ao demônio, nosso inimigo!"

Santa Margarida Maria Alacoque
Hoje é dia da Santa Margarida Maria Alacoque!



A mensagem que a monja da Visitação recebeu contém as chamadas “doze promessas do Sagrado Coração”, nas quais Jesus revela as graças vinculadas a essa devoção. O Amor ao Sagrado Coração de Jesus é estreitamente ligado ao amor à Eucaristia.


A 12ª promessa assim fala: "A todos aqueles que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna" (Carta n. 86).


Bento XV fala sobre essa devoção: “A Igreja quer estimular os fiéis ainda mais a que se aproximem com confiança deste Santo Mistério e a consumar sempre no coração as chamas daquela divina caridade da qual ardia o Sagrado Coração quando, no seu infinito amor, instituiu a Santa Eucaristia”


Que hoje possamos dizer como como a Santa "Tudo pela eucaristia: nada para mim! "


Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!

Iremos ter...

Iremos ter com Jesus, ao Tabernáculo, conhecê-lo, digerir a sua doutrina, para entregar esse alimento às almas

Forja, 938

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (7): Conduzida ao ato...

Mas, conforme diz São Gregório na homilia de Pentecostes, "o amor de Deus não é ocioso; opera grandes coisas, se de fato existe". Por isto, por meio deste Sacramento, o quanto pertence a seu efeito próprio, não somente é conferido o hábito da graça e da virtude, mas também esta é conduzida ao ato, segundo o que está escrito na Segunda Epístola aos Coríntios: "O amor de Cristo nos impele". Daqui é que provém que pela virtude do Sacramento da Eucaristia a alma faz uma refeição espiritual por deleitar-se e inebriar-se pela doçura da bondade divina, segundo o que diz o Cântico dos Cânticos: "Comei, amigos, e bebei; e inebriai-vos, caríssimos".

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

São Francisco e a Eucaristia

Dia 4 de outubro é dia de São Francisco, como sempre estou um pouco atrasado, mas desta vez consegui um texto interessante, em minha diocese (Taubaté) ele é padroeiro, com o titulo de São Francisco da chagas.


Abaixo coloco um trecho do texto, que achei no site dos Frades Menores Capuchinhos da província portuguesa, o texto explica um pouco de como viveu e ensinou nosso querido e amado Frade de Assis a devoção e adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo presente no Sacramento Eucarístico.


Se deliciem, aprendam, vivam e inflamem vossos corações.
 ...
A experiência da presença de Cristo


Na narração da última Ceia, São João deu especial realce ao gesto do lava-pés (Jo 13,3-1). Não porque as palavras proferidas por Jesus não fossem importantes (eram-no, seguramente), mas porque preferiu realçar aquele gesto que, embora se enquadrasse de algum modo nos ritos próprios da ceia pascal judaica, primava pela originalidade na medida em que quis lavar aos seus discípulos não as mãos, como era hábito, mas os pés – uma acção própria dos escravos, a indicar que o serviço aos irmãos é também um memorial da sua presença.
Ao escrever a forma de vida que desejava para os seus irmãos, Francisco vai usar precisamente esta passagem do Evangelho de São João, convidando-os à menoridade que se deve traduzir por gestos como o de lavarem os pés uns aos outros.[5] Tinha compreendido que a Eucarístia, onde o Senhor está «presente de um modo verdadeiro, real e substancial, com o seu corpo e o seu sangue, com a sua alma e a sua divindade»[6], como havia prometido aos seus discípulos[7], deve levar o cristão a um sério compromisso com os pobres.
Francisco percebeu que Jesus está presente de um modo muito especial sob as espécies eucarísticas, como se manifesta na reverência que tinha para com o Santíssimo Sacramento[8], as Igrejas[9] e os Sacerdotes[10]; mas percebeu também a presença simbólica do mesmo Jesus onde estiverem reunidos dois ou três em seu nome,[11] nos pobres, nos leprosos e nos presos, nos mais pequeninos e nas mais humildes criaturas.[12] Vejamos.
A presença real de Cristo na Eucaristia
Depois da fração do pão, durante a última Ceia, Jesus convidou os seus discípulos a repetirem aquele mesmo gesto em sua memória[13]. Tal gesto foi acolhido com obediência e gratidão por Francisco de Assis, que dizia:
«O pão nosso de cada dia, o teu dileto Filho nosso Senhor Jesus Cristo, nos dá hoje, para memória, e inteligência e reverência do amor que nos teve, e de quanto por nós disse, fez e suportou.»[14]
Francisco «jamais deixava de ter presentes, em aprofundada contemplação, […] a humildade da Encarnação e a caridade da Paixão»[15] e exortava os irmãos a acreditarem, pela fé, na presença real de Cristo na Eucaristia[16], que «agora se mostra a nós no pão sacramentado»[17], presente «como auto-dom de si mesmo».[18]
Francisco «ardia de amor em todas as fibras do seu ser para com o Sacramento do Corpo do Senhor e […] comungava com tal devoção que tornava devotos os que o viam.»[19] Queria que os seus irmãos participassem todos os dias na Eucaristia[20]porque, dizia ele, «ninguém se pode salvar sem receber o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor»;[21] mas, ao saber que vários sacerdotes celebravam várias missas por dia apenas por dinheiro, pediu, na Carta a toda a Ordem, que se celebrasse apenas uma missa por dia em cada comunidade e que nas comunidades em que houvesse vários sacerdotes os outros se contentassem em ouvir a missa daquele que celebrava.[22]
Francisco «consagrava a Cristo um amor tão vivo […] que parecia sentir fisicamente diante dos olhos a presença contínua do Salvador»,[23] percebendo que é sobretudo no sacrifício eucarístico, nessa constante doação do seu próprio Filho ao homem, que Deus se manifesta como Amor, Sumo Bem.[24] O Cristo presente na Eucaristia é o mesmo que está nos céus, sentado à direita do Pai[25], «a contemplar os que se aproximam devidamente do seu tabernáculo».[26] Na comunhão do Corpo do Senhor, Francisco viu o «alimento por excelência de toda a santidade».[27]
A reverência para com o Santíssimo Sacramento
Encontramos em quase todos os escritos de São Francisco o apelo à reverência pelo Santíssimo Sacramento. Na Carta a toda a Ordem, pede-o especialmente aos seus irmãos:
«E por isso a todos vós, irmãos, imploro no Senhor, beijando-vos os pés e com quanta caridade eu posso, que presteis toda a reverência e toda a honra que puderdes, ao santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor.»[28]
A alguns movimentos heréticos que negam «a presença real de Cristo sob as espécies, fora da celebração»,[29] Francisco responde com um amor muito grande ao santíssimo Sacramento. Esse amor a Cristo, presente em todas as igrejas do mundo,[30] é que o levava a não suportar vê-l’O em lugares indignos, em igrejas sujas e descuidadas. Aliás, o «testemunho mais eloquente dessa fé concreta e realista de Francisco [na eucaristia] é talvez a sua extrema suscetibilidade para com as faltas de respeito ao Sacramento.»[31]
Ainda no mundo, antes da sua entrega total a Deus, comprava objetos «que servissem de adorno das igrejas e fazia-os chegar secretamente aos sacerdotes pobres»;[32] e quando saía pelas aldeias, levava consigo uma vassoura para varrer as igrejas e capelas por onde passasse.[33]
O seu respeito para com o Santíssimo Sacramento era tal que,
«Um dia, teve a ideia de enviar os irmãos pelo mundo com píxides preciosas, com a missão de colocarem o mais dignamente possível esse divino penhor da nossa redenção onde vissem que o conservavam com pouca reverência e decoro.»[34]
Mas esse respeito não o movia apenas a um cuidado muito grande com a limpeza das igrejas, das alfaias sagradas e das píxides; também o levava a preparar-se, por meio de uma contínua purificação interior, para comungar o Corpo do Senhor do modo mais digno possível.
Francisco tinha bem presente a advertência de São Paulo: «todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho; pois aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação».[35] Daí não se cansar de a repetir nos seus escritos, convidando «todos os cristãos, religiosos, clérigos e leigos, homens e mulheres»,[36] e ainda «todas as autoridades e cônsules, juízes e reitores, em qualquer parte da terra»[37] a fazerem penitência e a receberem o Corpo do Senhor com humildade e veneração.[38]
Grandemente preocupado com a ignorância e o pecado de alguns,[39] escreveu aos sacerdotes que entretanto a ele se juntaram:
«celebrem o verdadeiro sacrifício do Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, com santa e pura intenção, e não por qualquer motivo terreno, nem[…] para agradar aos homens. Ó miséria grande, ó miseranda fraqueza, terde-lo vós assim presente, e ocupardes-vos de qualquer outra coisa do mundo!»[40]
O respeito pelos sacerdotes 
Apesar do que se disse acima acerca do comportamento pouco correto de muitos sacerdotes no tempo de São Francisco, uma das grandes novidades do movimento nascido com o Santo de Assis foi, precisamente, o enorme respeito pelos sacerdotes.
Acreditamos que «foi a fé na Eucaristia que lhe inspirou uma gratidão profunda para com os sacerdotes, ministros do inefável sacramento.»[41] Quando movimentos heréticos como o dos Cátaros, de que já falámos, questionavam a validade da Eucaristia celebrada por sacerdotes “indignos”, Francisco mostrou um amor e uma reverência muito grande para com eles, recomendando aos seus irmãos: «dissimulai as suas quedas, supri as suas muitas faltas e, quando isto houverdes feito, mais humildes sereis.»[42]
Era seu desejo que se tivesse grande respeito pelas mãos do sacerdote. Dizia frequentemente:
«Se me acontecesse […] encontrar ao mesmo tempo um santo vindo do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiro o sacerdote, correria a beijar-lhe as mãos e diria: “Um momento, por favor, São Lourenço, porque as mãos deste tocam o Verbo da Vida e possuem um poder sobre-humano”.»[43]
Francisco vai ainda mais longe: segundo a Legenda do Anónimo Perusino, pede aos seus irmãos que, se encontrarem um sacerdote montado a cavalo, beijem não apenas a mão ao sacerdote, mas também as patas do cavalo em que ele for montado.[44] Embora num estilo de “florinha”, essa história revela bem a reverência que São Francisco tinha para com os sacerdotes, «ministros de Deus».[45]
Conclusão
Viver o sacramento da Eucaristia ao jeito de São Francisco implica não só a comunhão do Corpo e Sangue do Senhor, a adoração silenciosa e amorosa do santíssimo Sacramento, o cuidado com as igrejas e os objectos sagrados e o respeito pelos Sacerdotes – como também a opção pelos pobres e marginalizados, imagens do Menino frágil evocado em Greccio, sempre presente no seio de quem pratica o Bem e anuncia a Paz.
...

Frei Hermano Filipe, OFMCap.



...
[5] Cf. 1 R 6,3.
[6] Igreja CatólicaCatecismo Igreja Católica. 2ª ed. Coimbra: Gráfica Coimbra, 1999, n. 1413, p. 365.
[7] Cf. Mt 28,20. Jesus assegura a sua presença, por meio de sinais, no seio da Comunidade unida na Caridade.
[8] Cf. EP 6.
[9] Cf. EP 56-57.
[10] Cf. TC 57; 1 C 62; 2 C 8.
[11] Cf. Mt 18,20. Jesus é apresentado por Mateus como Senhor da Comunidade, Emanuel, o Deus connosco.
[12] Cf. Mt 25,31-46. Ver também Mc 9,36-37.
[13] Cf. Jo 6,48-58.
[14] PPN 6.
[15] Cf. 1 C 84.
[16] Ex 1,21.
[17] Ex 1,19.
[18] MARTINS, José Saraiva – Eucaristia. Lisboa: Universidade Católica, 2002, p. 146.
[19] 2 C 201.
[20] Cf. 2 C 201.
[21] Cf. 1 CCt 6.
[22] Cf. CO 30-31.
[23] LM 9,2.
[24] Cf. IRIARTE, Lázaro – Historia Franciscana. Valência: Editorial Asis, 1979, p. 151.
[25] Cf. 1Pe 3,22.
[26] KOSER, Constantino – O Pensamento Franciscano. 2ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998, p. 184.
[27] Ibidem, p. 182.
[28] CO 12.
[29] Martins, José Saraiva – Eucaristia. Lisboa: Universidade Católica, 2002, p. 147.
[30] Cf. T 5. Desde há muitos anos, existe a tradição, nalguns Conventos Franciscanos, de rezar todo o versículo 5 do Testamento, que a seguir transcrevemos, cada vez que se entra na capela da comunidade ou numa outra igreja: «Adoramos-te, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as tuas igrejas que estão por todo o mundo, e te louvamos, porque pela tua santa cruz remiste o mundo».
[31] PELVET, Jean – Fé e Vida Eucarísticas. In A Espiritualidade de Francisco de Assis. Braga: Editorial Franciscana, 1993, p. 105.
[32] TC 8.
[33] Cf. LP 18; EP 56.
[34] 2 C 201.
[35] 1 Cor 11,27-29.
[36] 2 CF 1.
[37] CGP 1.
[38] Cf. CO 12.
[39] Cf. CCl 1.
[40] Cf. CO 14.25.
[41] Iriarte, Lázaro – Vocação Franciscana. Petrópolis: Editora Vozes, 1976, p. 41.
[42] 2 C 146.
[43] 2 C 201.
[44] Cf. AP 37.
[45] 2 C 8.

 ______________________
siglas utilizadas:

Escritos de São Francisco:
1 CCt – Primeira Carta aos Custódios
1 R – 1ª Regra (Regra não bulada)
2 CF – Carta aos Fiéis (2ª redacção)
CC – Cântico das Criaturas (ou do Irmão Sol)
CCl – Carta aos Clérigos
CGP – Carta aos Governantes dos Povos
Ex – Exortações
CO – Carta a toda a Ordem
PPN – Paráfrase do Pai Nosso
T – Testamento

Biografias:
1 C – Tomás de Celano, Vida Primeira
2 C – Tomás de Celano, Vida Segunda
AP – Legenda do Anónimo Perusino
EP – Espelho de Perfeição
Fl – Florinhas de São Francisco
LM – São Boaventura, Legenda Maior
LP – Legenda Perusina
TC – Legenda dos Três Companheiros




O texto original achei aqui: 



Betânia...

É verdade que chamo sempre Betânia ao nosso Sacrário... - Faz-te amigo dos amigos do Mestre: Lázaro, Marta, Maria. - E depois já me não perguntarás por que chamo Betânia ao nosso Sacrário.

Caminho, 322

São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (6):Refeição espiritual

E porque Cristo e sua Paixão são causa da graça, e uma refeição espiritual e a caridade não podem existir sem a graça, por todas estas coisas é manifesto que este Sacramento confere a graça.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Oração a Jesus no tabernáculo

Ó Deus escondido na prisão do tabernáculo! é feliz que volto para perto de vós todas as noites, para vos agradecer as graças que me concedestes e implorar o perdão das faltas que cometi durante o dia que acaba de passar como um sonho...


Ó Jesus! como eu ficaria feliz se tivesse sido bem fiel, mas pobre de mim! muitas vezes fico triste, à noite, pois sinto que poderia ter correspondido melhor às vossas graças... Se eu fosse mais unida a vós, mais caridosa com minhas irmãs,


mais humilde e me mortificasse mais, teria menor dificuldade para conversar convosco na oração. No entanto, ó meu Deus! bem longe de desanimar vendo minhas misérias, venho a vós confiante, lembrando-me de que: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes". Eu vos suplico, pois, a cura, o perdão, e me lembrarei, Senhor, "que a alma à qual perdoastes mais deve também amar-vos mais que as outras!..."Ofereço-vos todas as batidas de meu coração como outros tantos atos de amor e de reparação, e os uno a vossos méritos infinitos. Suplico-vos, ó meu Divino Esposo, que sejais vós mesmo o Reparador de minha alma, que opereis em mim sem levar em conta minhas resistências, enfim, já não quero ter outra vontade senão a vossa; e amanhã, com o auxílio de vossa graça, recomeçarei uma nova vida da qual cada instante será um ato de amor e de renúncia.


Depois de vir, assim, todas as noites ao pé do vosso Altar, chegarei finalmente à última noite de minha vida; então, começará para mim o dia sem ocaso da eternidade em que repousarei, sobre vosso Divino Coração, das lutas do exílio.


Assim seja.
Santa Teresinha do Menino Jesus da Santa Face
(Obras Completas, Loyola, p.1039-1040)

Conforto Humano


"Prometi a Deus que nada me deteria, devesse eu embora comer pedras e acabar no hospital. E principalmente, pedi a Deus (e talvez fosse isto presunção de minha parte) trabalhar sem o menor conforto humano"

São Pedro Julião Eymard

Hóstia e Oração

"Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus", disse o Senhor. - Pão e palavra! - Hóstia e oração.

Se não, não terás vida sobrenatural.

Caminho, 87
São Josemaría Escrivá

Os Efeitos da Eucarístia (5): Sinal da unidade..

Finalmente, o efeito do Sacramento da Eucaristia deve ser considerado pelas espécies em que este Sacramento nos é oferecido. Foi por causa disto que escreveu Santo Agostinho: "O Senhor confiou-nos o Seu Corpo e o Seu Sangue em coisas tais que são reduzidas à unidade a partir de muitas outras, porque o pão é um, embora conste de muitos grãos, e o vinho é feito a partir de muitas uvas". E por isso ele também escreveu em outro lugar: "Ó Sacramento da piedade, ó sinal da unidade, ó vínculo da caridade!".

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Centelha Eucarística


"Quando penetrou numa alma uma centelha eucarística, lançou-se no coração um germe divino de vida e de todas as virtudes, e que vale por assim dizer, por si mesmo"

São Pedro Julião Eymard

Os Efeitos da Eucarístia (4): Sustentar, Crescer, Reparar e Deleitar

O efeito deste Sacramento também deve ser considerado pelo modo através do qual ele é trazido aos homens, que é por modo de comida e bebida. E por isto todo efeito que a bebida e a comida material realizam quanto à vida corporal, isto é, sustentar, crescer, reparar e deleitar, tudo isto realiza este Sacramento quanto à vida espiritual. E é por isto que se diz: “Este é o pão da vida eterna, pelo qual se sustenta a substância de nossa alma”.
De onde que o próprio Senhor diz, no Evangelho de São João: “Minha carne é verdadeiramente comida, e meu sangue é verdadeiramente bebida”.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Os Efeitos da Eucarístia (3): Paixão

O efeito deste Sacramento deve, ademais, ser considerado também pelo que ele representa, que é a Paixão de Cristo. Por isto, o efeito que a Paixão de Cristo realizou no mundo, este Sacramento também realiza no homem.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Os Efeitos da Eucarístia (2) :Está contido...

O efeito deste Sacramento deve ser considerado, portanto, primeira e principalmente em função daquilo que nele está contido, que é o Cristo.
Ele, vindo ao mundo em forma visível, trouxe ao mundo a vida da graça, segundo nos diz o Evangelho de João: “A graça e a verdade, porém, vieram por meio de Jesus Cristo”.
Assim, da mesma forma, vindo Cristo ao mundo em forma sacramental, opera a vida da graça, segundo ainda outra passagem do mesmo Evangelho:“Quem me come, viverá por mim”

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

Os Efeitos da Eucarístia (1) : Em Todo Fragmento

No Sacramento da Eucaristia, em virtude das palavras da instituição, as espécies simbólicas se mudam em corpo e sangue; seus acidentes subsistem no sujeito; e nele, pela consagração, sem violação das leis da natureza, o Cristo único e inteiro existe Ele próprio em diversos lugares, assim como uma voz é ouvida e existe em vários lugares, continuando inalterado e permanecendo inviolável quando dividido, sem sofrer diminuição alguma. Cristo, de fato, está inteira e perfeitamente em cada e em todo fragmento de hóstia, assim como as aparências visíveis que se multiplicam em centenas de espelhos.

São Tomás de Aquino
Summa Theologiae IIIa. Pars Qs. 79-80
Sermão sobre o Corpo do Senhor

São Pedro Julião Eymard: criador da adoração perpétua do Santíssimo Sacramento

Em 1804, apareceu no vilarejo de La Mure um amolador de objetos, acompanhado de sua filha de cinco anos de idade, órfã de mãe, que perguntava de casa em casa se havia utensílios para serem afiados por seu pai.

Este tinha por nome Julião Eymard, originário de outra localidade, Auris, onde se casara e tivera seis filhos desse casamento. Perseguido pelos "patriotas" da Revolução Francesa, perdeu boa parte de seu patrimônio. Com a morte da esposa, em 1804, resolveu tentar a sorte noutro lugar.
Deixou então cinco filhos com pessoas amigas e saiu à procura de sustento, levando apenas a caçula. O espírito de solidariedade católica, que ainda havia em La Mure, facilitou o estabelecimento de Julião naquele local, onde prosperou e contraiu novas núpcias.

De seu segundo casamento, nasceu Pedro Julião Eymard em 4 de fevereiro de 1811.

Com o correr dos anos, o menino mostrou-se inteligente e jeitoso, tornando-se a grande esperança do pai para fazer prosperar o negócio que havia montado naquela localidade: uma usina de azeite.

O conquistador de almas para Deus

O menino, porém, sentia que era chamado para algo de bem mais elevado do que ser fabricante de azeite. Após várias dificuldades postas pelo pai, conseguiu entrar no seminário para seguir o que sua vocação lhe pedia: tornar-se sacerdote.

Após ordenar-se, celebrou sua primeira Missa em 26 de outubro de 1834.

O novo sacerdote cativava as almas. Após o ofício divino, saía com os fiéis e ficava em frente à igreja, conversando com eles e os instruindo. Operavam-se então conversões impressionantes.
Em 1839 decidiu entrar na Sociedade de Maria para desenvolver cada vez mais sua devoção à Sagrada Eucaristia, a paixão de sua vida. Sua irmã -- aquela menininha que percorria as casas pedindo trabalhos -- insistiu com ele para que ficasse mais um dia em casa, antes de partir para seu novo destino. "Um dia bastará para perder minha vocação" foi a resposta. E seguiu em frente.

Nessa época a todos impressionava sua piedade profunda e terna, enquanto no seu caminhar havia algo de harmonioso que lhe conferia um aspecto militar.

Pregava a Eucaristia e somente a Eucaristia. Porém o fazia de maneira pessoal, concreta e viva, sem muitas especulações meramente teóricas e abstratas. Sua pregação tocava de modo especial as necessidades espirituais de seus ouvintes. Sua palavra de fogo esclarecia, abrasava e ganhava as almas. Seus sermões eram verdadeiras meditações íntimas que lhe saíam pelos lábios, expressão de sua intensa vida interior.
Sua alma era de tal maneira luminosa, que pessoas das mais diversas condições sociais e econômicas, bem como das mais distintas profissões, vinham lhe pedir luzes fora e dentro do confessionário.

"Fogo" eucarístico nos quatro cantos da França

Certo dia, em 1853, durante a ação de graças, por solicitação de Nosso Senhor, ele se ofereceu por inteiro a Deus, recebendo então muitas graças, consolações e forças para realizar a tarefa que lhe estava destinada.

Seis anos mais tarde, confidenciou que naquela ocasião prometera a Deus que nada o reteria, mesmo que precisasse comer pedras e morrer em um hospital, trabalhando em Sua obra sem consolações humanas.

Era o primeiro passo para a fundação de seu Instituto, dedicado à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. As dificuldades fizeram-no soltar essa exclamação: "Chego como um soldado do campo de batalha, não se achando vitorioso, mas cansado e esgotado pelo combate".

E anunciou ao Arcebispo de Paris que queria pôr fogo nos quatro cantos da França, e especialmente em Paris, com a comunhão dos adultos.

Santo Cura d'Ars profetiza sobre São Pedro Julião!

O Pe. Eymard e o Cura d'Ars se conheciam e se tornaram verdadeiros amigos em Nosso Senhor Jesus Cristo, cada um procurando estar a par das atividades do outro.

O Cura d'Ars teria mesmo profetizado que o Pe. Eymard sofreria muito, inclusive perseguições de seus melhores amigos. Mas que a congregação por ele fundada seria próspera e se espalharia por todos os países, apesar de tudo e contra todos...

De fato, na obra recém-fundada continuava faltando quase tudo e as deserções começavam. O fundador tornou-se objeto de críticas e perseguições. Escreveram-lhe cartas extremamente mortificantes, profetizando quedas e catástrofes. Como se isso não bastasse apareceu uma ameaça de despejo. Obrigado a se afastar por cinco semanas para tratar da saúde, encontrou a casa com menos gente e com traidores.

Em Roma: êxtase e aprovação de sua obra

Tinha um culto entusiasmado pelo Papado. E não foi sem emoção que se dirigiu a Roma para pedir a aprovação de sua obra, o Instituto do Santíssimo Sacramento.

Uma feliz coincidência facilitou as coisas. Estava orando no altar da Confissão, na Basílica de São Pedro, quando entrou em êxtase e não percebeu um cortejo que se aproximava. Era Pio IX, que ia rezar ali também. Os numerosos fiéis que se encontravam no local, se afastaram para dar passagem ao Papa, ficando somente um padre austero ajoelhado. Quando voltou a si, todo confuso, refugiou-se em um canto; o Papa acabara de se retirar.

No dia seguinte recebeu o Breve Laudatório, assinado na véspera pelo Sumo Pontífice!

Desejava ter a voz do trovão


Sua palavra era um fogo de caridade e de fé. Havia um tal brilho de santidade em seu olhar, que se pensava em Nosso Senhor. Mesmo antes de começar a falar, já tocava as almas pela sua simples presença. Mais do que a fé, era quase a visão real do Divino Mestre que ele imprimia nas almas. Parecia ver o que falava.

Quanta vida, quanta luz! Seus ouvintes mantinham o olhar fixo na sua pessoa durante toda a pregação. Diz-se que ele desejava ter a voz do trovão para ser entendido por toda parte e por todos.

Traçava, para cada sermão, os limites, as divisões e o encaminhamento do raciocínio, mas... na hora entrava a palavra e a inspiração do coração. Preparava suas homilias diante do Sacrário pois, segundo ele, uma hora na presença do Santíssimo Sacramento valia mais do que uma manhã de estudos nos livros.

Lia os corações, via à distância, profetizava...

Não era raro dizer a uma pessoa os pensamentos que tivera; e aconselhá-la de acordo com tal discernimento.

Certo dia, uma moça da sociedade foi procurá-lo, sem que os pais soubessem, para pedir-lhe um conselho sobre sua vocação. Ao chegar, soube que ele se encontrava em sua hora de adoração ao Santíssimo, durante a qual não costumava atender absolutamente ninguém. Resignada, dirigiu-se à igreja e o viu de costas, ajoelhado, em oração. Nesse mesmo instante Eymard levantou-se, indicando à moça o caminho do confessionário. Comentou depois que sentira que uma pessoa o procurava e tinha necessidade de ajuda.

Entre 1860 e 1868 previu várias vezes os desastres da guerra franco-prussiana e o movimento revolucionário da Comuna de Paris.

Em Saint-Julien de Tours, o Pe. Eymard deu provas de ser santo, vidente e profeta diante de um auditório que o ouvia pela tarde e pela manhã, sempre recolhido e sempre entusiasta.

Certo dia, duas horas antes da procissão de São Julião, o céu escureceu e se armou uma tempestade. O Pe. Eymard, calmo, ordenou que a procissão saísse e... surpresa! Em lugar dos raios e da chuva que já haviam começado, aparece céu azul e um grande sol! "Milagre"! Foi a palavra que aflorou a todos os lábios.

Exorcista, era perseguido pelo demônio

Muitas vezes passava as noites lutando contra o demônio. Pela manhã, no seu quarto havia móveis quebrados ou avariados e sinais em sua face. Comentava que os golpes do demônio são secos como se bate em mármore, mas a dor desaparecia com a pancada.

Em 1861, após comer parte de uma maçã oferecida por uma mulher tida como mágica, uma menina ficou possessa. A mãe, ouvindo falar de Eymard, foi procurá-lo. Este enviou uma camisa e um gorro com a medalha de São Bento, mas a menina os destroçou com seus dentes. O Padre então benzeu um pedaço de pão e o enviou à casa da menina, para que o engulisse na hora em que estaria celebrando uma missa por ela.

Quatro homens forçaram-na a engulir e ela começou a vomitar um liquido preto, cheirando a enxofre, em tal quantidade que escorreu até o chão, ficando então curada. O demônio foi derrotado duplamente, pois o pai de menina, que se encontrava afastado da religião, impressionado, confessou-se, comungou e voltou à prática religiosa.

Incompreendido pelos próprios filhos espirituais

No final de 1867 repreende os seus por não irem vê-lo com mais freqüência e mais confiança, a fim de pedir uma comunicação mais abundante do espírito da sua vocação. "Nada me perguntais. Quando eu não estiver mais aqui, ninguém terá a graça da fundação. Interrogai-me, usai mais de mim".

Em 1868 escreveu em suas notas que iria fazer parte da corte celeste, participar da bondade de Deus. Um trono lhe estava assegurado no Céu e seu nome estava inscrito no livro da vida; os Anjos e os Santos o esperavam no lugar dos Bem-aventurados e o chamavam de irmão.

Porém, para alcançar um tal píncaro é preciso não só sofrer, mas saber sofrer. Assim, seus últimos anos de vida foram repletos de sofrimentos, ocasionados estes em boa parte por seus próprios religiosos que já não tinham confiança em seu Santo Fundador. Disse ele nessa penosa conjuntura: "Eis-me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".

No dia 1º de agosto de 1868, às 14:30 hs, exalou seu último suspiro. Tinha 57 anos e meio. Morreu em sua cidade natal, La Mure, na mesma casa onde nascera. Sua congregação tinha então cinco casas na França e duas na Bélgica, com cinqüenta religiosos.

"Nosso santo morreu!" foi o grito que se ouviu nas ruas e nas casas daquela pequena localidade. A população inteira desfilou diante de seus restos mortais. As pessoas iam com as duas mãos cheias de objetos para serem tocados no corpo do Santo. Seus olhos, que não foram fechados por respeito, guardavam uma expressão extraordinária de vida a ponto de dar a falsa impressão de que não morrera.

Foi beatificado solenemente por Pio XI no dia 12 de julho de 1925 e canonizado por João XXIII em 9 de dezembro de 1962.
_____________________
Fonte de referência:
Mgr. Francis Trochu, Le Bienhereux Pierre-Julien Eymard, d'après ses écrits, son Procès de béatification et de nombreux documents inédits, Librairie Catholique Emmanuel Vitte, Paris, 1949

Afinal, o que é ser Emo?

Tenho encontrado cada vez mais pais e familiares preocupados com o que, afinal, vem a ser um Emo. Alguns pelo medo de que os filhos estejam “metidos nesta furada”, outros porque, infelizmente, já vêem filhos, parentes e outros adolescentes e jovens presas desta tribo, deste grupo, deste “seja-lá-o-que-for” que Emo signifique.

Não é difícil conhecer um Emo e menos difícil ainda localizar um dos seus points. Em geral, são adolescentes entre 13 e 20 anos e estão sempre em grupos. São facilmente encontrados em shoppings, beijam-se entre si sem importar-se com o sexo da pessoa beijada, promovem a homossexualidade e, acima de tudo, a tristeza, a depressão, a extravagância, o bizarro. Cultivam a técnica de enlouquecer os pais, agredi-los, não com palavras ou fisicamente, mas, sim, com comportamentos surpreendentemente infantis, depressivos, regressivos e condizentes com o sexo oposto ao seu. Dedicam-se a depredar o bem público e a não empreender nada, não pensar nada, não criar nada, em parecer o mais bobo possível, ainda que em pose de nerd. Freqüentam freneticamente a internet e mudam continuamente seu nick no orkut. Vestem-se de preto, maquiam os olhos desta mesma cor e usam unhas pintadas de negro, naturalmente. Cultuam os tênis All-Star e fecham-se em um mundo ao qual ninguém que não seja Emo tem acesso.

Para quem quer informar-se antes de tentar socorrer e encarar ao vivo estes pobres produtos das “famílias modernas”, basta pesquisar no Google. Há informações a valer. O site “100 regras para ser Emo” traz 100 características deste triste grupo metido em verdadeira esquizofrenia social. Para proteger-se de qualquer incursão sadia, as regras de número 1 e número 100 coincidem: nunca dizer que é Emo.

Percorrendo as 100 características dos Emos, encontramos aberrações como o número 24, que é “o número Emo”, o 33 que orienta chamar a melhor amiga de “marida”, ou o 22, que incentiva o cultivo da auto-depreciação. Bizarrices como o jeito de vestir e pintar os cabelos de cores berrantes, usar piercings e mexer com as pessoas nas ruas ou fazer-se de maníaco-depressivo andam lado a lado com o claro incentivo ao comportamento anti-social, como chorar por qualquer coisa, gritar na rua e depois cair no choro, ignorar todos os que não são Emos, ter sempre razão e ser sempre a vítima.

A internet informa que o termo Emo vem de “emotional”, em inglês, um tipo de música que exalta o emocionalismo em suas letras e ritmo. A partir deste estágio, tornou-se um estilo de vida propagado especialmente pela internet e através de outros Emos. Milhares de adolescentes, em sua grande maioria os que encontram problemas familiares, aderem a este estilo por pura imitação, por “curtição” e acabam por tornar-se fechados aos pais, amigos, família e sociedade, vivendo em um mundo alienado da realidade, fechando-se em tristeza demoníaca.

Alguns questionam se “demoníaco” não seria um termo por demais pesado. A estes convido, se morarem em Fortaleza, a passarem uma madrugada na Vigília de Evangelização, promovida pela Comunidade Shalom, a estarem um pouco mais atentos ao trafegarem pela Praça Portugal aos sábados a partir das 20 horas. Ao verem jovens Emos, góticos, vampiros modernos e de outras “tribos” caídos bêbedos pelas calçadas, vomitando os próprios intestinos, a beijarem na boca todos os membros da roda, sejam homens ou mulheres, ao verem sua alienação, incapacidade de relacionamento e de resposta à realidade, me dirão se o que vêem é ou não demoníaco.

O demônio tem, infelizmente, artimanhas inúmeras e adaptadas a cada tempo. Não é necessário que alguém se debata e urre para ser classificado como alguém atormentado por ele. Para bem discernir, basta a pergunta: Esta pessoa, este adolescente, busca a verdade? Ama a verdade? É capaz de realmente amar? É capaz de dar-se? É capaz de pensar nos outros? Respeita a si mesmo, aos pais, a Deus? Esforça-se para viver as virtudes, para tornar-se mais maduro, para contribuir com a felicidade da humanidade? Pensa nos mais pobres e aflitos? Tem ideais?

Mais frequentemente do que imaginamos, nossos filhos podem estar saindo de casa muito bem vestidos e trocando de roupa e maquiagem em seu trajeto para o point de sua tribo. É muito possível que só muito tarde descubramos que o que considerávamos “modismo”, “coisa de adolescente”, “fase passageira”, é, na realidade, uma armadilha demoníaca e sutil para alienar-lhes as mentes, as emoções, a sexualidade, o comportamento social e arruinar sua vida, dada por Deus para a felicidade e santidade.

Procure você mesmo a resposta para a pergunta que nos deveria inquietar a todos: “Será que meu filho é Emo, vampiro moderno, gótico?” Depois, procure no interior de seu relacionamento familiar e no mais profundo da vivência de sua fé a forma de ajudar seu filho querido a não afundar-se nesta lama.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom

Revista Shalom Maná

http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=3834

O Marxismo e a Teologia da Libertação

O marxismo conquistou um grande número de seguidores dentro da Igreja. Esse posicionamento ideológico, além de contrariar os ensinamentos do Magistério, gerou um forte braço da esquerda, principalmente na América Latina. A Teologia da Libertação, nascida do encontro de heresias teológicas européias com a metodologia comunista no Novo Mundo, frutificou, tornando-se uma grande arma do socialismo mundial.


Autor: Pedro Ravazzano
Extraído de: http://www.veritatis.com.br/article/5257
Publicação original: Agosto de 2008

A Igreja já havia dito que "Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro" [1], mas isso não impediu que religiosos em rebeldia plena ao Magistério afirmassem que "o Reino de Deus é concretamente o socialismo" [2]. Genésio Boff disse, ao Jornal do Brasil, que o proposto pelos seus "não é Teologia dentro do marxismo, mas marxismo (materialismo histórico) dentro da Teologia".

Essa falta de caridade e fidelidade ao ensinado pela Igreja, que não condenou o socialismo por motivos pequenos e mesquinhos, mas pela sua incongruência com a Revelação cristã, atingiu seu ápice quando em 1968, religiosos, que já traziam de outrora suas heresias ideológicas, comungaram e ratificaram atitudes terroristas e revolucionárias. FreiBetto, e seus comparsas, aliados a Carlos Marighela, levantaram pontos ao longo da Rodovia Belém-Brasília para implementar uma guerrilha rural, usando o Convento do Araguaia como o centro logístico. Nesse momento os dominicanos se transformaram, Frei Ivo, virou Pedro, Frei Osvaldo, Sérgio ou Gaspar I, Frei Magno, Leonardo ou Gaspar, Frei Beto, Vítor ou Ronaldo, tudo isso para que pudessem contactar Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, os cérebros do Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), que depois virou Ação Libertadora Nacional (ALN).

Esse grupo terrorista tinha como financiador o governo totalitário cubano. O presidente, Carlos Marighela, fundou o AC/SP depois que foi expulso do PCB. Interessante que sua obra, Minimanual do Guerrilheiro Urbano, transformou-se em norte de vários grupos fanáticos de esquerda, como Brigadas Vermelhas, da Itália, e Baader-Meinhoff, da Alemanha. A ALN assaltou trens-pagadores (o roubo de Santos-Jundiaí rendeu NCr$ 108 milhões), realizou seqüestros, como o do embaixador americano, em conjunto com o MR-8 (do hoje ministro da Comunicação Social Franklin Martins e do deputado Fernando Gabeira). Depois da morte de Marighela, em 1969 (por delação do Frei Fernando), a ALN passou a ser liderada por Joaquim Câmara Ferreira, que viajou para Cuba com o fim de receber ordens de Fidel Castro. Além desse extenso currículo, a ALN se envolveu em centenas de assassinatos, tanto em ação solo, como em parceria com outros grupos terroristas; VAR-Palmares (da ministra Dilma Rousseff), PCBR, MOLIPO, Tendência Leninista (esses dois últimos vindos da própria ALN). Tudo isso com a participação, ou no mínimo conhecimento, de religiosos dominicanos.

Os terroristas não lutavam por liberdade, mas sim pelo triunfo da revolução comunista no Brasil, que bem sabemos é o inverso. No regime militar, ditatorial e podador de liberdade, o número de mortos chegou a aproximadamente quatrocentos (lembrando que os guerrilheiros de esquerda cometeram cerca de duzentos assassinatos), enquanto o histórico do marxismo mundial beirava os 100 milhões de mortos. Alguns casos são bastante significativos; na China, 65 milhões morreram depois que Mao Tse Tung iniciou o "Grande Salto para Frente", um desastroso projeto. Na URSS, só de 1917 a 1953, o regime bolchevique havia matado 20 milhões de pessoas, muitos deles religiosos da igreja ortodoxa russa que cometiam o crime de professar o cristianismo. Na Coréia do Norte, que até hoje vive no jugo do regime comunista, o número chegou a dois milhões de mortos. No Camboja, o Khmer Vermelho matou em três anos 1/3 da população. Na América Latina, países como Cuba, Nicarágua e Peru, que estavam intimamente ligados nas arquitetações comunistas, carregam cerca de 150 mil mortos. A ilha de Fidel ainda tem cerca de 2,2 milhões de pessoas, 20% da população de Cuba, de refugiados, principalmente nos EUA. Outros números; África, 1,7 milhão, entre Etiópia, Angola e Moçambique, Afeganistão 1,5 milhão, Vietnã um milhão. Seriam, então, esses 100 milhões de mortos pelo comunismo menos “importantes” do que os 500 assassinados pelo regime militar?

Aqui vale uma pequena recordação. Hoje, muitos comunistas se esforçam para desvencilhar o marxismo do que eles chamam de "socialismo real". Lutam contra a história para justificar a eterna defesa de uma ideologia genocida. Primeiramente, na década de 70 - 80, nenhum dos "companheiros" e "camaradas" se incomodava em receber financiamento da China, URSS, Cuba, Albânia etc. Essa repentina aversão ao regime comunista só se sucedeu depois da queda do Muro de Berlim, quando o mundo finalmente pode ver as desgraças cometidas pelas nações marxistas, mascaradas de um projeto de igualdade material. Quando os partidos esquerdistas do Brasil recebiam verba de Havana, Moscou ou Pequim, os três regimes já traziam nas costas centenas e milhares de mortos, e que mesmo com as restrições das mais necessárias liberdades civis, eram de conhecimento do público ocidental. Ademais, mesmo que Marx não idealizasse uma ditadura do proletariado genocida, o que alguns chamam de "socialismo real" é nada mais do que a única via prática de se instaurar um sistema naturalmente fadado ao fracasso. Hayek, um dos maiores homens da economia do séc. XX, mostra em sua obra, “O Caminho da Servidão”, o caráter totalitário intrínseco a concepção socialista, entre outras coisas, afirma; “Os autores franceses que lançaram as bases do socialismo moderno não tinham dúvida de que suas idéias só poderiam ser postas em prática por um forte governo ditatorial (...) Saint-Simon, chegou a predizer que aqueles que não obedecessem às comissões de planejamento por eles propostas seriam “tratados como gado”.” [3] Inclusive cita W. H. Chamberlin, correspondente por doze anos na URSS, que disse que “o socialismo sem dúvida não será, ao menos no começo, o caminho da liberdade, mas o da ditadura e das contraditaduras, da mais violenta guerra civil. O socialismo alcançando e mantido por meios democráticos parece pertencer definitivamente ao mundo das utopias”. [4] Hayek, de forma brilhante, lembrou que o “socialismo democrático (...) não só é irrealizável, mas o próprio esforço necessário para concretiza-lo gera algo tão inteiramente diverso que poucos dos que agora o desejam estariam dispostos a aceitas suas conseqüências”. [5]

A Espanha, que não sofreu com um regime comunista, chorou seus mortos na guerra civil, quando marxistas, financiados pela URSS, lutaram pela revolução em terras ibéricas. O historiador Hugh Thomas disse que "Em tempo algum no curso da história da Europa, talvez mesmo de todo o mundo, viu-se um ódio tão apaixonado à religião e suas obras." [6] Tanto na Espanha quanto no Brasil, os marxistas tinham apoio direto dos soviéticos, entretanto, na península, os religiosos eram martirizados e perseguidos, enquanto aqui se convertiam à barbárie comunista. Só nos meses precedentes a guerra 160 Igrejas foram depredadas e 270 religiosos mortos. É célebre a foto onde o Cristo Redentor é "fuzilado" por atiradores comunistas. Ademais, outros monumentos católicos foram profanados, como a histórica imagem de Nossa Senhora de Granada, que tinha que ser chutada para o alistamento na Frente Popular. Os processos de canonização são sempre grandiosos; 61 mártires de Cartagena, 47 Irmãos Maristas, 226 de Valença, 500 foram beatificados a pouco tempo por S.S Bento XVI.

Enquanto Frei Betto, e seus camaradas religiosos se levantavam contra os abusos cometidos pelo regime militar, em Cuba 15 mil e 17 mil pessoas eram fuziladas. A consciência era limpa (ou hipócrita?), não se incomodavam em receber dinheiro e treinamento de militantes castritas. A falta de percepção era tão acentuada que se lançavam numa luta contra um inimigo que tinha apenas a pretensão de combater os futuros fuzilamentos, genocídios, e massacres, que ocorreriam no possível Brasil vermelho. URSS, China e Cuba eram os financiadores dos guerrilheiros que diziam lutar por liberdade mais que eram sustentados por regimes genocidas. Tinham mais condescendência com genocidas e blasfemadores do que com famílias cristãs de classe média. Estrebuchavam-se com marcha de católicos rezando o terço, mas aplaudiam as frases de seus ídolos, não mais bezerros de ouro, mas porcos de sangue; "Fuzilamentos, sim, temos fuzilado, fuzilamos e continuaremos fuzilando enquanto seja necessário. Nossa luta é uma luta de morte". [7], "Não sou Cristo nem filantropo; sou todo o contrário de Cristo" [8].

A Teologia da Libertação tem a sua presença no meio religioso reduzida, mesmo com seu esforço atual de se reinventar, a maneira que encontrou para tentar manter a sua influência como outrora, como na década de 80, quando era pujante. Ademais, ainda é ativa na política da América Latina. O próprio PT surgiu nas sacristias das igrejas TL, e ainda hoje, Frei Betto, Boff, e companhia, são articuladores da esquerda nacional e internacional. O frade dominicano tem relações amistosas com Fidel Castro, seu mentor político, as FARC, tendo inclusive o comandante da narcoguerrilha, Raul Reyes, informado que um dos seus maiores contatos junto ao governo do PT era o religioso católico, e com diversos partidos marxistas do continente, sendo um dos membros principais do Foro de São Paulo, dirigindo sua revista quadrimestral, "America Libre". O dominicano, sem nenhuma timidez, barbarizou ao dizer em pleno II Fórum Social Mundial, que "a sociedade do futuro mais livre, mais igualitária e mais solidária se define em uma só palavra: socialismo. Pediu uma salva de palmas para Karl Marx e disse que o homem novo deve ser filho do casamento de Ernesto Che Guevara e Santa Teresa de Jesus", como pontuou Carlos I. S. Azambuja.

A heresia do modernismo deu um grande impulso aos religiosos que já traziam o germe heterodoxo. A massificação foi tão profunda que conseguiram corromper toda a Ação Católica, passando essa a ser um braço dos partidos marxistas. Nessa época, os grandes Bispos de destaque do país estavam em consonância com tais abusos e profanações, fornecendo uma densa e forte proteção aos religiosos que se comportavam diametralmente opostos ao ensinado pelo Magistério. Nesse contexto, é bastante pertinente a figura do ex-frade Leonardo Boff, que diferente de Frei Betto, tinha uma bagagem cultural e teológica de peso. Ele conseguiu estruturar a Teologia da Libertação, dando a ela um fundamento sólido. Sua figura caiu para segundo plano quando ainda religioso se envolveu com uma mulher casada, o que além de acarretar sua saída da vida franciscana, por vontade própria, lançou para um patamar abaixo a sua importância na teologia americana. Mesmo com essa queda, suas sementes já haviam sido plantadas em muitos setores da Igreja.

A Teologia da Libertação foi posteriormente condenada através do documento Libertatis Nuntius, que afirmou, entre outras coisas, que ela causava "uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática dessa fé”. Isso se somou as condenações ao marxismo feitas por Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. Em Puebla, o documento do CELAM frisou que "(...) A libertação cristã usa 'meios evangélicos', com a sua eficácia peculiar e não recorre a nenhum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes (...)" (nº 486) "ou à praxis ou análise marxista" (nº 8).

O Magistério, em toda a sua riqueza, é claro quanto a condenação ao socialismo, e a própria Teologia da Libertação. Esta, além da metodologia marxista, cai em outras heresias, como o modernismo, gnosticismo (ambas intrínsecas), mas também milenarismo, se analisarmos a perspectiva socialista de redenção, montanismo, com a sua percepção eclesiológica deturpada, e outras heterodoxias. Essas heresias podem gerar diversas outras, como por exemplo, o berenguarianismo. Além dessas heresias, a Teologia da Libertação descamba para a defesa do aborto, homossexualismo etc. Nas palavras de Frei Betto; "O Estado é laico e deve ter o direito de defender a vida das mulheres pobres não incriminando mais o aborto, o que não significa ser a seu favor." e "Embora eu seja contra o aborto, admito a sua descriminalização em certos casos (...) Se os homens parissem, o aborto seria um sacramento." [9]. O religioso só esquece do ensinamento canônico da Igreja; "Cânone 1398 Quem procurar o aborto seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae (automática)", condenação que também recai aos defensores do infanticídio.

A Teologia da Libertação conseguiu entrar nos seminários e noviciados e, com isso, se estabeleceu justamente na fonte de formação. Aqui é válido um breve comentário. A chegada da TL nas escolas católicas foi avassaladora. Talvez não haja uma correta atenção a esse problema, o que, de maneira decisiva, impede a restauração de uma vivência católica genuína. O mais irônico, é que a Teologia da Libertação percebeu antes de nós a relevância das escolas e, por isso, se esforçou ao máximo para entrar e se fixar nesses centros estudantis. Hoje, boa parte dos colégios católicos está entregue a ensinamentos liberais e incongruentes com a doutrina da Igreja. O problema é tão complexo, que é até difícil dizer se foram os religiosos que corromperam as famílias, ou as famílias que levaram para os colégios a corrupção. Eu, particularmente, acredito na primeira opção. Os colégios católicos, literalmente, de um dia para o outro, viram seus símbolos sendo guardados em depósitos, aulas de religião reduzidas a um simplismo empobrecedor, Padres com currículos extensíssimos sendo retirados das salas de aula unicamente por serem Padres. Isso sem contar com uma das maiores antíteses com que já me deparei; colégios nominalmente e tradicionalmente confessionais restringindo ensinamentos e vivências religiosas por defenderam o pensamento laico. Esses religiosos tíbios geraram fiéis ímpios, e esses fiéis ímpios formaram famílias liberais-agnósticas-atéias. É a bola de neve.

O apoio de grandes Bispos, no passado, também foi essencial para o fortalecimento dessa linha herética. Essa condescendência episcopal, somada a maciça presença da TL nos seminários, deram a ela uma estrutura sólida e grandiosa. A sua presença na Igreja brasileira foi tão enfática que conseguiam abafar todas as condenações que vinham de Roma, continuando intocados e atuantes. Com o surgimento do movimento carismático, e associações fiéis e ortodoxas (Legionários de Cristo, Opus Dei, Comunhão e Libertação, Arautos do Evangelho etc), a Teologia da Libertação passou a presenciar a sua degradação. Apenas forneciam aos seus seguidores um discurso político e centrado na dialética marxista, tudo convergia para a "justiça social" e luta de classes; Maria a mulher da caminhada, Jesus o revolucionário etc. Com isso, o empobrecimento espiritual dos homens, se tornou inevitável. Esses novos movimentos resgataram o mais puro cristocentrismo.

A TL foi sendo assim minada, sua influência reduzida, entretanto, ainda se faz presente, se esforçando para sobreviver em meio ao renascimento católico. Interessante é que essa sua tentativa de manutenção a levou a se aproximar de setores da RCC, que no passado era alvo constante de críticas e acusações por parte da alta cúpula da TL. Ela cavou a própria cova quando afastou a piedade e religiosidade dos fiéis, com isso as suas fontes de vocações secaram. Em contrapartida, os novos movimentos, aversos a essa metodologia dialética e herética, passaram a ter seus seminários e noviciados apinhados de jovens, derrubando de imediato a falaciosa crise de vocações, tão divulgada pela mídia catolicofóbica. Dessa forma, uma nova geração de religiosos foi sendo formada, com fidelidade ao Magistério e ortodoxa no seguimento da doutrina. Serão os futuros padres, freis, monges, Bispos, aqueles que irão execrar por um todo a Teologia da Libertação da Igreja, e coloca-la no seu devido lugar, nos livros de história, como uma heresia ao lado de tantas outras.


Notas
[1] Quadragesimo Anno, nº 117 a 120
[2] BOFF, L. e BOFF, Cl. Da Libertação, p. 96
[3] HAYEK, F. A. O Caminho da Servidão, 1994, p. 48
[4] HAYEK, F. A. O Caminho da Servidão, 1994, p. 53
[5] CHAMBERLIN, W. H. A False Utopia, 1937, p. 202-3
[6] THOMAS, Hugh. A Guerra Civil Espanhola Vol. 2, 1964.
[7] Che Guevara, na Assembléia Geral da ONU em 11 de dezembro de 1964
[8] Che Guevara em carta familiar
[9] Frei Betto, A Questão do Aborto