São Pedro Julião Eymard: criador da adoração perpétua do Santíssimo Sacramento

Em 1804, apareceu no vilarejo de La Mure um amolador de objetos, acompanhado de sua filha de cinco anos de idade, órfã de mãe, que perguntava de casa em casa se havia utensílios para serem afiados por seu pai.

Este tinha por nome Julião Eymard, originário de outra localidade, Auris, onde se casara e tivera seis filhos desse casamento. Perseguido pelos "patriotas" da Revolução Francesa, perdeu boa parte de seu patrimônio. Com a morte da esposa, em 1804, resolveu tentar a sorte noutro lugar.
Deixou então cinco filhos com pessoas amigas e saiu à procura de sustento, levando apenas a caçula. O espírito de solidariedade católica, que ainda havia em La Mure, facilitou o estabelecimento de Julião naquele local, onde prosperou e contraiu novas núpcias.

De seu segundo casamento, nasceu Pedro Julião Eymard em 4 de fevereiro de 1811.

Com o correr dos anos, o menino mostrou-se inteligente e jeitoso, tornando-se a grande esperança do pai para fazer prosperar o negócio que havia montado naquela localidade: uma usina de azeite.

O conquistador de almas para Deus

O menino, porém, sentia que era chamado para algo de bem mais elevado do que ser fabricante de azeite. Após várias dificuldades postas pelo pai, conseguiu entrar no seminário para seguir o que sua vocação lhe pedia: tornar-se sacerdote.

Após ordenar-se, celebrou sua primeira Missa em 26 de outubro de 1834.

O novo sacerdote cativava as almas. Após o ofício divino, saía com os fiéis e ficava em frente à igreja, conversando com eles e os instruindo. Operavam-se então conversões impressionantes.
Em 1839 decidiu entrar na Sociedade de Maria para desenvolver cada vez mais sua devoção à Sagrada Eucaristia, a paixão de sua vida. Sua irmã -- aquela menininha que percorria as casas pedindo trabalhos -- insistiu com ele para que ficasse mais um dia em casa, antes de partir para seu novo destino. "Um dia bastará para perder minha vocação" foi a resposta. E seguiu em frente.

Nessa época a todos impressionava sua piedade profunda e terna, enquanto no seu caminhar havia algo de harmonioso que lhe conferia um aspecto militar.

Pregava a Eucaristia e somente a Eucaristia. Porém o fazia de maneira pessoal, concreta e viva, sem muitas especulações meramente teóricas e abstratas. Sua pregação tocava de modo especial as necessidades espirituais de seus ouvintes. Sua palavra de fogo esclarecia, abrasava e ganhava as almas. Seus sermões eram verdadeiras meditações íntimas que lhe saíam pelos lábios, expressão de sua intensa vida interior.
Sua alma era de tal maneira luminosa, que pessoas das mais diversas condições sociais e econômicas, bem como das mais distintas profissões, vinham lhe pedir luzes fora e dentro do confessionário.

"Fogo" eucarístico nos quatro cantos da França

Certo dia, em 1853, durante a ação de graças, por solicitação de Nosso Senhor, ele se ofereceu por inteiro a Deus, recebendo então muitas graças, consolações e forças para realizar a tarefa que lhe estava destinada.

Seis anos mais tarde, confidenciou que naquela ocasião prometera a Deus que nada o reteria, mesmo que precisasse comer pedras e morrer em um hospital, trabalhando em Sua obra sem consolações humanas.

Era o primeiro passo para a fundação de seu Instituto, dedicado à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. As dificuldades fizeram-no soltar essa exclamação: "Chego como um soldado do campo de batalha, não se achando vitorioso, mas cansado e esgotado pelo combate".

E anunciou ao Arcebispo de Paris que queria pôr fogo nos quatro cantos da França, e especialmente em Paris, com a comunhão dos adultos.

Santo Cura d'Ars profetiza sobre São Pedro Julião!

O Pe. Eymard e o Cura d'Ars se conheciam e se tornaram verdadeiros amigos em Nosso Senhor Jesus Cristo, cada um procurando estar a par das atividades do outro.

O Cura d'Ars teria mesmo profetizado que o Pe. Eymard sofreria muito, inclusive perseguições de seus melhores amigos. Mas que a congregação por ele fundada seria próspera e se espalharia por todos os países, apesar de tudo e contra todos...

De fato, na obra recém-fundada continuava faltando quase tudo e as deserções começavam. O fundador tornou-se objeto de críticas e perseguições. Escreveram-lhe cartas extremamente mortificantes, profetizando quedas e catástrofes. Como se isso não bastasse apareceu uma ameaça de despejo. Obrigado a se afastar por cinco semanas para tratar da saúde, encontrou a casa com menos gente e com traidores.

Em Roma: êxtase e aprovação de sua obra

Tinha um culto entusiasmado pelo Papado. E não foi sem emoção que se dirigiu a Roma para pedir a aprovação de sua obra, o Instituto do Santíssimo Sacramento.

Uma feliz coincidência facilitou as coisas. Estava orando no altar da Confissão, na Basílica de São Pedro, quando entrou em êxtase e não percebeu um cortejo que se aproximava. Era Pio IX, que ia rezar ali também. Os numerosos fiéis que se encontravam no local, se afastaram para dar passagem ao Papa, ficando somente um padre austero ajoelhado. Quando voltou a si, todo confuso, refugiou-se em um canto; o Papa acabara de se retirar.

No dia seguinte recebeu o Breve Laudatório, assinado na véspera pelo Sumo Pontífice!

Desejava ter a voz do trovão


Sua palavra era um fogo de caridade e de fé. Havia um tal brilho de santidade em seu olhar, que se pensava em Nosso Senhor. Mesmo antes de começar a falar, já tocava as almas pela sua simples presença. Mais do que a fé, era quase a visão real do Divino Mestre que ele imprimia nas almas. Parecia ver o que falava.

Quanta vida, quanta luz! Seus ouvintes mantinham o olhar fixo na sua pessoa durante toda a pregação. Diz-se que ele desejava ter a voz do trovão para ser entendido por toda parte e por todos.

Traçava, para cada sermão, os limites, as divisões e o encaminhamento do raciocínio, mas... na hora entrava a palavra e a inspiração do coração. Preparava suas homilias diante do Sacrário pois, segundo ele, uma hora na presença do Santíssimo Sacramento valia mais do que uma manhã de estudos nos livros.

Lia os corações, via à distância, profetizava...

Não era raro dizer a uma pessoa os pensamentos que tivera; e aconselhá-la de acordo com tal discernimento.

Certo dia, uma moça da sociedade foi procurá-lo, sem que os pais soubessem, para pedir-lhe um conselho sobre sua vocação. Ao chegar, soube que ele se encontrava em sua hora de adoração ao Santíssimo, durante a qual não costumava atender absolutamente ninguém. Resignada, dirigiu-se à igreja e o viu de costas, ajoelhado, em oração. Nesse mesmo instante Eymard levantou-se, indicando à moça o caminho do confessionário. Comentou depois que sentira que uma pessoa o procurava e tinha necessidade de ajuda.

Entre 1860 e 1868 previu várias vezes os desastres da guerra franco-prussiana e o movimento revolucionário da Comuna de Paris.

Em Saint-Julien de Tours, o Pe. Eymard deu provas de ser santo, vidente e profeta diante de um auditório que o ouvia pela tarde e pela manhã, sempre recolhido e sempre entusiasta.

Certo dia, duas horas antes da procissão de São Julião, o céu escureceu e se armou uma tempestade. O Pe. Eymard, calmo, ordenou que a procissão saísse e... surpresa! Em lugar dos raios e da chuva que já haviam começado, aparece céu azul e um grande sol! "Milagre"! Foi a palavra que aflorou a todos os lábios.

Exorcista, era perseguido pelo demônio

Muitas vezes passava as noites lutando contra o demônio. Pela manhã, no seu quarto havia móveis quebrados ou avariados e sinais em sua face. Comentava que os golpes do demônio são secos como se bate em mármore, mas a dor desaparecia com a pancada.

Em 1861, após comer parte de uma maçã oferecida por uma mulher tida como mágica, uma menina ficou possessa. A mãe, ouvindo falar de Eymard, foi procurá-lo. Este enviou uma camisa e um gorro com a medalha de São Bento, mas a menina os destroçou com seus dentes. O Padre então benzeu um pedaço de pão e o enviou à casa da menina, para que o engulisse na hora em que estaria celebrando uma missa por ela.

Quatro homens forçaram-na a engulir e ela começou a vomitar um liquido preto, cheirando a enxofre, em tal quantidade que escorreu até o chão, ficando então curada. O demônio foi derrotado duplamente, pois o pai de menina, que se encontrava afastado da religião, impressionado, confessou-se, comungou e voltou à prática religiosa.

Incompreendido pelos próprios filhos espirituais

No final de 1867 repreende os seus por não irem vê-lo com mais freqüência e mais confiança, a fim de pedir uma comunicação mais abundante do espírito da sua vocação. "Nada me perguntais. Quando eu não estiver mais aqui, ninguém terá a graça da fundação. Interrogai-me, usai mais de mim".

Em 1868 escreveu em suas notas que iria fazer parte da corte celeste, participar da bondade de Deus. Um trono lhe estava assegurado no Céu e seu nome estava inscrito no livro da vida; os Anjos e os Santos o esperavam no lugar dos Bem-aventurados e o chamavam de irmão.

Porém, para alcançar um tal píncaro é preciso não só sofrer, mas saber sofrer. Assim, seus últimos anos de vida foram repletos de sofrimentos, ocasionados estes em boa parte por seus próprios religiosos que já não tinham confiança em seu Santo Fundador. Disse ele nessa penosa conjuntura: "Eis-me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".

No dia 1º de agosto de 1868, às 14:30 hs, exalou seu último suspiro. Tinha 57 anos e meio. Morreu em sua cidade natal, La Mure, na mesma casa onde nascera. Sua congregação tinha então cinco casas na França e duas na Bélgica, com cinqüenta religiosos.

"Nosso santo morreu!" foi o grito que se ouviu nas ruas e nas casas daquela pequena localidade. A população inteira desfilou diante de seus restos mortais. As pessoas iam com as duas mãos cheias de objetos para serem tocados no corpo do Santo. Seus olhos, que não foram fechados por respeito, guardavam uma expressão extraordinária de vida a ponto de dar a falsa impressão de que não morrera.

Foi beatificado solenemente por Pio XI no dia 12 de julho de 1925 e canonizado por João XXIII em 9 de dezembro de 1962.
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Fonte de referência:
Mgr. Francis Trochu, Le Bienhereux Pierre-Julien Eymard, d'après ses écrits, son Procès de béatification et de nombreux documents inédits, Librairie Catholique Emmanuel Vitte, Paris, 1949

Afinal, o que é ser Emo?

Tenho encontrado cada vez mais pais e familiares preocupados com o que, afinal, vem a ser um Emo. Alguns pelo medo de que os filhos estejam “metidos nesta furada”, outros porque, infelizmente, já vêem filhos, parentes e outros adolescentes e jovens presas desta tribo, deste grupo, deste “seja-lá-o-que-for” que Emo signifique.

Não é difícil conhecer um Emo e menos difícil ainda localizar um dos seus points. Em geral, são adolescentes entre 13 e 20 anos e estão sempre em grupos. São facilmente encontrados em shoppings, beijam-se entre si sem importar-se com o sexo da pessoa beijada, promovem a homossexualidade e, acima de tudo, a tristeza, a depressão, a extravagância, o bizarro. Cultivam a técnica de enlouquecer os pais, agredi-los, não com palavras ou fisicamente, mas, sim, com comportamentos surpreendentemente infantis, depressivos, regressivos e condizentes com o sexo oposto ao seu. Dedicam-se a depredar o bem público e a não empreender nada, não pensar nada, não criar nada, em parecer o mais bobo possível, ainda que em pose de nerd. Freqüentam freneticamente a internet e mudam continuamente seu nick no orkut. Vestem-se de preto, maquiam os olhos desta mesma cor e usam unhas pintadas de negro, naturalmente. Cultuam os tênis All-Star e fecham-se em um mundo ao qual ninguém que não seja Emo tem acesso.

Para quem quer informar-se antes de tentar socorrer e encarar ao vivo estes pobres produtos das “famílias modernas”, basta pesquisar no Google. Há informações a valer. O site “100 regras para ser Emo” traz 100 características deste triste grupo metido em verdadeira esquizofrenia social. Para proteger-se de qualquer incursão sadia, as regras de número 1 e número 100 coincidem: nunca dizer que é Emo.

Percorrendo as 100 características dos Emos, encontramos aberrações como o número 24, que é “o número Emo”, o 33 que orienta chamar a melhor amiga de “marida”, ou o 22, que incentiva o cultivo da auto-depreciação. Bizarrices como o jeito de vestir e pintar os cabelos de cores berrantes, usar piercings e mexer com as pessoas nas ruas ou fazer-se de maníaco-depressivo andam lado a lado com o claro incentivo ao comportamento anti-social, como chorar por qualquer coisa, gritar na rua e depois cair no choro, ignorar todos os que não são Emos, ter sempre razão e ser sempre a vítima.

A internet informa que o termo Emo vem de “emotional”, em inglês, um tipo de música que exalta o emocionalismo em suas letras e ritmo. A partir deste estágio, tornou-se um estilo de vida propagado especialmente pela internet e através de outros Emos. Milhares de adolescentes, em sua grande maioria os que encontram problemas familiares, aderem a este estilo por pura imitação, por “curtição” e acabam por tornar-se fechados aos pais, amigos, família e sociedade, vivendo em um mundo alienado da realidade, fechando-se em tristeza demoníaca.

Alguns questionam se “demoníaco” não seria um termo por demais pesado. A estes convido, se morarem em Fortaleza, a passarem uma madrugada na Vigília de Evangelização, promovida pela Comunidade Shalom, a estarem um pouco mais atentos ao trafegarem pela Praça Portugal aos sábados a partir das 20 horas. Ao verem jovens Emos, góticos, vampiros modernos e de outras “tribos” caídos bêbedos pelas calçadas, vomitando os próprios intestinos, a beijarem na boca todos os membros da roda, sejam homens ou mulheres, ao verem sua alienação, incapacidade de relacionamento e de resposta à realidade, me dirão se o que vêem é ou não demoníaco.

O demônio tem, infelizmente, artimanhas inúmeras e adaptadas a cada tempo. Não é necessário que alguém se debata e urre para ser classificado como alguém atormentado por ele. Para bem discernir, basta a pergunta: Esta pessoa, este adolescente, busca a verdade? Ama a verdade? É capaz de realmente amar? É capaz de dar-se? É capaz de pensar nos outros? Respeita a si mesmo, aos pais, a Deus? Esforça-se para viver as virtudes, para tornar-se mais maduro, para contribuir com a felicidade da humanidade? Pensa nos mais pobres e aflitos? Tem ideais?

Mais frequentemente do que imaginamos, nossos filhos podem estar saindo de casa muito bem vestidos e trocando de roupa e maquiagem em seu trajeto para o point de sua tribo. É muito possível que só muito tarde descubramos que o que considerávamos “modismo”, “coisa de adolescente”, “fase passageira”, é, na realidade, uma armadilha demoníaca e sutil para alienar-lhes as mentes, as emoções, a sexualidade, o comportamento social e arruinar sua vida, dada por Deus para a felicidade e santidade.

Procure você mesmo a resposta para a pergunta que nos deveria inquietar a todos: “Será que meu filho é Emo, vampiro moderno, gótico?” Depois, procure no interior de seu relacionamento familiar e no mais profundo da vivência de sua fé a forma de ajudar seu filho querido a não afundar-se nesta lama.

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por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom

Revista Shalom Maná

http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=3834

O Marxismo e a Teologia da Libertação

O marxismo conquistou um grande número de seguidores dentro da Igreja. Esse posicionamento ideológico, além de contrariar os ensinamentos do Magistério, gerou um forte braço da esquerda, principalmente na América Latina. A Teologia da Libertação, nascida do encontro de heresias teológicas européias com a metodologia comunista no Novo Mundo, frutificou, tornando-se uma grande arma do socialismo mundial.


Autor: Pedro Ravazzano
Extraído de: http://www.veritatis.com.br/article/5257
Publicação original: Agosto de 2008

A Igreja já havia dito que "Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro" [1], mas isso não impediu que religiosos em rebeldia plena ao Magistério afirmassem que "o Reino de Deus é concretamente o socialismo" [2]. Genésio Boff disse, ao Jornal do Brasil, que o proposto pelos seus "não é Teologia dentro do marxismo, mas marxismo (materialismo histórico) dentro da Teologia".

Essa falta de caridade e fidelidade ao ensinado pela Igreja, que não condenou o socialismo por motivos pequenos e mesquinhos, mas pela sua incongruência com a Revelação cristã, atingiu seu ápice quando em 1968, religiosos, que já traziam de outrora suas heresias ideológicas, comungaram e ratificaram atitudes terroristas e revolucionárias. FreiBetto, e seus comparsas, aliados a Carlos Marighela, levantaram pontos ao longo da Rodovia Belém-Brasília para implementar uma guerrilha rural, usando o Convento do Araguaia como o centro logístico. Nesse momento os dominicanos se transformaram, Frei Ivo, virou Pedro, Frei Osvaldo, Sérgio ou Gaspar I, Frei Magno, Leonardo ou Gaspar, Frei Beto, Vítor ou Ronaldo, tudo isso para que pudessem contactar Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, os cérebros do Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), que depois virou Ação Libertadora Nacional (ALN).

Esse grupo terrorista tinha como financiador o governo totalitário cubano. O presidente, Carlos Marighela, fundou o AC/SP depois que foi expulso do PCB. Interessante que sua obra, Minimanual do Guerrilheiro Urbano, transformou-se em norte de vários grupos fanáticos de esquerda, como Brigadas Vermelhas, da Itália, e Baader-Meinhoff, da Alemanha. A ALN assaltou trens-pagadores (o roubo de Santos-Jundiaí rendeu NCr$ 108 milhões), realizou seqüestros, como o do embaixador americano, em conjunto com o MR-8 (do hoje ministro da Comunicação Social Franklin Martins e do deputado Fernando Gabeira). Depois da morte de Marighela, em 1969 (por delação do Frei Fernando), a ALN passou a ser liderada por Joaquim Câmara Ferreira, que viajou para Cuba com o fim de receber ordens de Fidel Castro. Além desse extenso currículo, a ALN se envolveu em centenas de assassinatos, tanto em ação solo, como em parceria com outros grupos terroristas; VAR-Palmares (da ministra Dilma Rousseff), PCBR, MOLIPO, Tendência Leninista (esses dois últimos vindos da própria ALN). Tudo isso com a participação, ou no mínimo conhecimento, de religiosos dominicanos.

Os terroristas não lutavam por liberdade, mas sim pelo triunfo da revolução comunista no Brasil, que bem sabemos é o inverso. No regime militar, ditatorial e podador de liberdade, o número de mortos chegou a aproximadamente quatrocentos (lembrando que os guerrilheiros de esquerda cometeram cerca de duzentos assassinatos), enquanto o histórico do marxismo mundial beirava os 100 milhões de mortos. Alguns casos são bastante significativos; na China, 65 milhões morreram depois que Mao Tse Tung iniciou o "Grande Salto para Frente", um desastroso projeto. Na URSS, só de 1917 a 1953, o regime bolchevique havia matado 20 milhões de pessoas, muitos deles religiosos da igreja ortodoxa russa que cometiam o crime de professar o cristianismo. Na Coréia do Norte, que até hoje vive no jugo do regime comunista, o número chegou a dois milhões de mortos. No Camboja, o Khmer Vermelho matou em três anos 1/3 da população. Na América Latina, países como Cuba, Nicarágua e Peru, que estavam intimamente ligados nas arquitetações comunistas, carregam cerca de 150 mil mortos. A ilha de Fidel ainda tem cerca de 2,2 milhões de pessoas, 20% da população de Cuba, de refugiados, principalmente nos EUA. Outros números; África, 1,7 milhão, entre Etiópia, Angola e Moçambique, Afeganistão 1,5 milhão, Vietnã um milhão. Seriam, então, esses 100 milhões de mortos pelo comunismo menos “importantes” do que os 500 assassinados pelo regime militar?

Aqui vale uma pequena recordação. Hoje, muitos comunistas se esforçam para desvencilhar o marxismo do que eles chamam de "socialismo real". Lutam contra a história para justificar a eterna defesa de uma ideologia genocida. Primeiramente, na década de 70 - 80, nenhum dos "companheiros" e "camaradas" se incomodava em receber financiamento da China, URSS, Cuba, Albânia etc. Essa repentina aversão ao regime comunista só se sucedeu depois da queda do Muro de Berlim, quando o mundo finalmente pode ver as desgraças cometidas pelas nações marxistas, mascaradas de um projeto de igualdade material. Quando os partidos esquerdistas do Brasil recebiam verba de Havana, Moscou ou Pequim, os três regimes já traziam nas costas centenas e milhares de mortos, e que mesmo com as restrições das mais necessárias liberdades civis, eram de conhecimento do público ocidental. Ademais, mesmo que Marx não idealizasse uma ditadura do proletariado genocida, o que alguns chamam de "socialismo real" é nada mais do que a única via prática de se instaurar um sistema naturalmente fadado ao fracasso. Hayek, um dos maiores homens da economia do séc. XX, mostra em sua obra, “O Caminho da Servidão”, o caráter totalitário intrínseco a concepção socialista, entre outras coisas, afirma; “Os autores franceses que lançaram as bases do socialismo moderno não tinham dúvida de que suas idéias só poderiam ser postas em prática por um forte governo ditatorial (...) Saint-Simon, chegou a predizer que aqueles que não obedecessem às comissões de planejamento por eles propostas seriam “tratados como gado”.” [3] Inclusive cita W. H. Chamberlin, correspondente por doze anos na URSS, que disse que “o socialismo sem dúvida não será, ao menos no começo, o caminho da liberdade, mas o da ditadura e das contraditaduras, da mais violenta guerra civil. O socialismo alcançando e mantido por meios democráticos parece pertencer definitivamente ao mundo das utopias”. [4] Hayek, de forma brilhante, lembrou que o “socialismo democrático (...) não só é irrealizável, mas o próprio esforço necessário para concretiza-lo gera algo tão inteiramente diverso que poucos dos que agora o desejam estariam dispostos a aceitas suas conseqüências”. [5]

A Espanha, que não sofreu com um regime comunista, chorou seus mortos na guerra civil, quando marxistas, financiados pela URSS, lutaram pela revolução em terras ibéricas. O historiador Hugh Thomas disse que "Em tempo algum no curso da história da Europa, talvez mesmo de todo o mundo, viu-se um ódio tão apaixonado à religião e suas obras." [6] Tanto na Espanha quanto no Brasil, os marxistas tinham apoio direto dos soviéticos, entretanto, na península, os religiosos eram martirizados e perseguidos, enquanto aqui se convertiam à barbárie comunista. Só nos meses precedentes a guerra 160 Igrejas foram depredadas e 270 religiosos mortos. É célebre a foto onde o Cristo Redentor é "fuzilado" por atiradores comunistas. Ademais, outros monumentos católicos foram profanados, como a histórica imagem de Nossa Senhora de Granada, que tinha que ser chutada para o alistamento na Frente Popular. Os processos de canonização são sempre grandiosos; 61 mártires de Cartagena, 47 Irmãos Maristas, 226 de Valença, 500 foram beatificados a pouco tempo por S.S Bento XVI.

Enquanto Frei Betto, e seus camaradas religiosos se levantavam contra os abusos cometidos pelo regime militar, em Cuba 15 mil e 17 mil pessoas eram fuziladas. A consciência era limpa (ou hipócrita?), não se incomodavam em receber dinheiro e treinamento de militantes castritas. A falta de percepção era tão acentuada que se lançavam numa luta contra um inimigo que tinha apenas a pretensão de combater os futuros fuzilamentos, genocídios, e massacres, que ocorreriam no possível Brasil vermelho. URSS, China e Cuba eram os financiadores dos guerrilheiros que diziam lutar por liberdade mais que eram sustentados por regimes genocidas. Tinham mais condescendência com genocidas e blasfemadores do que com famílias cristãs de classe média. Estrebuchavam-se com marcha de católicos rezando o terço, mas aplaudiam as frases de seus ídolos, não mais bezerros de ouro, mas porcos de sangue; "Fuzilamentos, sim, temos fuzilado, fuzilamos e continuaremos fuzilando enquanto seja necessário. Nossa luta é uma luta de morte". [7], "Não sou Cristo nem filantropo; sou todo o contrário de Cristo" [8].

A Teologia da Libertação tem a sua presença no meio religioso reduzida, mesmo com seu esforço atual de se reinventar, a maneira que encontrou para tentar manter a sua influência como outrora, como na década de 80, quando era pujante. Ademais, ainda é ativa na política da América Latina. O próprio PT surgiu nas sacristias das igrejas TL, e ainda hoje, Frei Betto, Boff, e companhia, são articuladores da esquerda nacional e internacional. O frade dominicano tem relações amistosas com Fidel Castro, seu mentor político, as FARC, tendo inclusive o comandante da narcoguerrilha, Raul Reyes, informado que um dos seus maiores contatos junto ao governo do PT era o religioso católico, e com diversos partidos marxistas do continente, sendo um dos membros principais do Foro de São Paulo, dirigindo sua revista quadrimestral, "America Libre". O dominicano, sem nenhuma timidez, barbarizou ao dizer em pleno II Fórum Social Mundial, que "a sociedade do futuro mais livre, mais igualitária e mais solidária se define em uma só palavra: socialismo. Pediu uma salva de palmas para Karl Marx e disse que o homem novo deve ser filho do casamento de Ernesto Che Guevara e Santa Teresa de Jesus", como pontuou Carlos I. S. Azambuja.

A heresia do modernismo deu um grande impulso aos religiosos que já traziam o germe heterodoxo. A massificação foi tão profunda que conseguiram corromper toda a Ação Católica, passando essa a ser um braço dos partidos marxistas. Nessa época, os grandes Bispos de destaque do país estavam em consonância com tais abusos e profanações, fornecendo uma densa e forte proteção aos religiosos que se comportavam diametralmente opostos ao ensinado pelo Magistério. Nesse contexto, é bastante pertinente a figura do ex-frade Leonardo Boff, que diferente de Frei Betto, tinha uma bagagem cultural e teológica de peso. Ele conseguiu estruturar a Teologia da Libertação, dando a ela um fundamento sólido. Sua figura caiu para segundo plano quando ainda religioso se envolveu com uma mulher casada, o que além de acarretar sua saída da vida franciscana, por vontade própria, lançou para um patamar abaixo a sua importância na teologia americana. Mesmo com essa queda, suas sementes já haviam sido plantadas em muitos setores da Igreja.

A Teologia da Libertação foi posteriormente condenada através do documento Libertatis Nuntius, que afirmou, entre outras coisas, que ela causava "uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática dessa fé”. Isso se somou as condenações ao marxismo feitas por Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. Em Puebla, o documento do CELAM frisou que "(...) A libertação cristã usa 'meios evangélicos', com a sua eficácia peculiar e não recorre a nenhum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes (...)" (nº 486) "ou à praxis ou análise marxista" (nº 8).

O Magistério, em toda a sua riqueza, é claro quanto a condenação ao socialismo, e a própria Teologia da Libertação. Esta, além da metodologia marxista, cai em outras heresias, como o modernismo, gnosticismo (ambas intrínsecas), mas também milenarismo, se analisarmos a perspectiva socialista de redenção, montanismo, com a sua percepção eclesiológica deturpada, e outras heterodoxias. Essas heresias podem gerar diversas outras, como por exemplo, o berenguarianismo. Além dessas heresias, a Teologia da Libertação descamba para a defesa do aborto, homossexualismo etc. Nas palavras de Frei Betto; "O Estado é laico e deve ter o direito de defender a vida das mulheres pobres não incriminando mais o aborto, o que não significa ser a seu favor." e "Embora eu seja contra o aborto, admito a sua descriminalização em certos casos (...) Se os homens parissem, o aborto seria um sacramento." [9]. O religioso só esquece do ensinamento canônico da Igreja; "Cânone 1398 Quem procurar o aborto seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae (automática)", condenação que também recai aos defensores do infanticídio.

A Teologia da Libertação conseguiu entrar nos seminários e noviciados e, com isso, se estabeleceu justamente na fonte de formação. Aqui é válido um breve comentário. A chegada da TL nas escolas católicas foi avassaladora. Talvez não haja uma correta atenção a esse problema, o que, de maneira decisiva, impede a restauração de uma vivência católica genuína. O mais irônico, é que a Teologia da Libertação percebeu antes de nós a relevância das escolas e, por isso, se esforçou ao máximo para entrar e se fixar nesses centros estudantis. Hoje, boa parte dos colégios católicos está entregue a ensinamentos liberais e incongruentes com a doutrina da Igreja. O problema é tão complexo, que é até difícil dizer se foram os religiosos que corromperam as famílias, ou as famílias que levaram para os colégios a corrupção. Eu, particularmente, acredito na primeira opção. Os colégios católicos, literalmente, de um dia para o outro, viram seus símbolos sendo guardados em depósitos, aulas de religião reduzidas a um simplismo empobrecedor, Padres com currículos extensíssimos sendo retirados das salas de aula unicamente por serem Padres. Isso sem contar com uma das maiores antíteses com que já me deparei; colégios nominalmente e tradicionalmente confessionais restringindo ensinamentos e vivências religiosas por defenderam o pensamento laico. Esses religiosos tíbios geraram fiéis ímpios, e esses fiéis ímpios formaram famílias liberais-agnósticas-atéias. É a bola de neve.

O apoio de grandes Bispos, no passado, também foi essencial para o fortalecimento dessa linha herética. Essa condescendência episcopal, somada a maciça presença da TL nos seminários, deram a ela uma estrutura sólida e grandiosa. A sua presença na Igreja brasileira foi tão enfática que conseguiam abafar todas as condenações que vinham de Roma, continuando intocados e atuantes. Com o surgimento do movimento carismático, e associações fiéis e ortodoxas (Legionários de Cristo, Opus Dei, Comunhão e Libertação, Arautos do Evangelho etc), a Teologia da Libertação passou a presenciar a sua degradação. Apenas forneciam aos seus seguidores um discurso político e centrado na dialética marxista, tudo convergia para a "justiça social" e luta de classes; Maria a mulher da caminhada, Jesus o revolucionário etc. Com isso, o empobrecimento espiritual dos homens, se tornou inevitável. Esses novos movimentos resgataram o mais puro cristocentrismo.

A TL foi sendo assim minada, sua influência reduzida, entretanto, ainda se faz presente, se esforçando para sobreviver em meio ao renascimento católico. Interessante é que essa sua tentativa de manutenção a levou a se aproximar de setores da RCC, que no passado era alvo constante de críticas e acusações por parte da alta cúpula da TL. Ela cavou a própria cova quando afastou a piedade e religiosidade dos fiéis, com isso as suas fontes de vocações secaram. Em contrapartida, os novos movimentos, aversos a essa metodologia dialética e herética, passaram a ter seus seminários e noviciados apinhados de jovens, derrubando de imediato a falaciosa crise de vocações, tão divulgada pela mídia catolicofóbica. Dessa forma, uma nova geração de religiosos foi sendo formada, com fidelidade ao Magistério e ortodoxa no seguimento da doutrina. Serão os futuros padres, freis, monges, Bispos, aqueles que irão execrar por um todo a Teologia da Libertação da Igreja, e coloca-la no seu devido lugar, nos livros de história, como uma heresia ao lado de tantas outras.


Notas
[1] Quadragesimo Anno, nº 117 a 120
[2] BOFF, L. e BOFF, Cl. Da Libertação, p. 96
[3] HAYEK, F. A. O Caminho da Servidão, 1994, p. 48
[4] HAYEK, F. A. O Caminho da Servidão, 1994, p. 53
[5] CHAMBERLIN, W. H. A False Utopia, 1937, p. 202-3
[6] THOMAS, Hugh. A Guerra Civil Espanhola Vol. 2, 1964.
[7] Che Guevara, na Assembléia Geral da ONU em 11 de dezembro de 1964
[8] Che Guevara em carta familiar
[9] Frei Betto, A Questão do Aborto